09 maio 2011

O Sofá Estampado...:

"É pequeno, tem só dois lugares. E fica perto da janela. Pro sol não desbotar o estampado..." Assim começa a história que a autora gaúcha Lygia Bojunga Nunes escreveu em 1980 e que continua extremamente atual.  A narrativa conta a história de Vitor, um tatu apaixonado por Dalva, uma gata angorá. Dalva passa seus dias sentada no sofá estampado assistindo a todos os programas de televisão. Ela quer ganhar um concurso por ficar mais tempo em frente à televisão. Vitor fica na volta, tentando chamar sua atenção, pedindo-a em casamento. Sem conseguir. O desejo de ganhar o tal concurso não permite que ela desvie o olhar do televisor a não ser para atender ao telefone e comunicar a programação que está assistindo. Muito esperto, Vitor encontra a possibilidade de receber a atençao de Dalva se ele mesmo aparecer na TV e declarar seu amor à ela. Vitor é um tatu que cava o tempo todo. Um dia, desiludido pela falta de atenção da Dalva, ele cava o sofá estampado e volta ao passado, para descobrir algumas diferenças e reencontrar aspectos de seu caráter. E no meio disso tudo há a presença da avó do Vitor, arqueóloga que pesquisa tudo sobre os tatus. Vitor se apega à sua avó e sua mala de viajar pelo mundo, contendo muitos segredos que Vitor anseia em descobrir. Este é apenas o começo de uma história que tem muito mais a revelar. Texto bom de ler de uma vez só e deixar escapar aquele suspiro emocionado ao final, coisa que Lygia consegue fazer como poucos escritores o fazem. De linguagem simples a narrativa fragmentada entre passado e presente vai nos envolvendo em tantos buracos cavados pelo Vitor em busca de sua personalidade, reafirmando seu caráter em desenvolvimento. Ao se utilizar de recursos estilísticos que encantam leitores apaixonados pela boa Literatura Infantil e Juvenil Brasileira, Lygia trata de assuntos pertinentes à qualquer época num jogo profundo e sensível, recheado de sutilezas.



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Pouco mais que as outras...: